Navegação no Rio Taquari


Navegação no Rio Taquari


A Navegação Arnt, companhia da qual foi fundador Jacob Arnt, prestou relevantes serviços no transporte de cargas e passageiros pelo Rio Taquari e aos produtores coloniais.


Principiou as atividades de navegação em 1875, com o vapor, já velho, Taquary, anteriormente chamado Flecha.


Inúmeras dificuldades foram enfrentadas, mas com o vapor Taquary Jacob Arnt conseguiu organizar uma sociedade com 11 membros com o capital de 14:000$.


Em 1878 era elevado seu capital a 40:000$00 e mandou vir da Alemanha o vapor Teutônia 1.


Até então, a navegação limitava-se a viagens de Porto Alegre a Taquari e vice-versa, e dessa época em diante estendeu-se até Estrela, Lajeado, trabalhando já com outros equipamentos como: lanchas, chatas e outras embarcações pequenas, de pouco calado para enfrentar a baixa do Rio em tempo de estiagem.


Em 1885 comprou o vapor Teutônia 2 e organizou uma nova sociedade com o nome de Teutônia.


Mais tarde vendeu a empresa de navegação para Companhia Fluvial por 80:000$000, da qual era gerente Frederico Haensel.


Quando do falecimento de Haensel, foi eleito gerente Carlos Muller, que não conseguiu manter a companhia que interrompeu a navegação da linha de Taquari.


Então, Jacob Arnt arrecadou três vapores: Taquary, Gaúcho e Bismarck e algumas lanchas por 1.000$000 mensais e, de novo, começou a trabalhar na navegação do Rio Taquari.


Por dez anos trabalhou com arrendamento de vapores, ao custo final de 200:000$000.


Resolveu Ele então em 1905, encomendar da Europa o vapor Brasil.


Com o desenvolvimento da Colônia Teutônia e maior expansão comercial pelo Rio Taquari Jacob Arnt criou agências em diversos portos do Rio Taquari, adquirindo novos vapores e ampliando os serviços de transporte rápido de passageiros e cargas.


Em 1914 Jacob Arnt juntamente com Frederico Arnt, Christiano Fleck, Dr. Francisco de Paula Dias de Castro, Júlio Frederico Born, Leopoldo Jacob Arnt, Alberto Ruschel, Augusto Fett, Adalberto Guilherme Arnt, Arthur Schmitt, e Octacílio Arnt, constituíram a Companhia de Navegação Arnt com capital de 530:000$000.


A Companhia possuía as seguintes embarcações: Vapores: Brasil, Taquary, Boa Vista, Rio Grande do Sul, Venâncio Ayres, Teutônia e Taquara. Gasolinas: Santarém, Erna, Rio Branco, Aurora, Concórdia, Amazonas, General Osório, Pelotas e Filhote. Chatas: Bismarck, Estrella, Triumpho, São Jeronymo, Carlos, Rio dos Sinos, Alliança e Palmas. Lanchas: Bismark, Minerva e Alcina. Botes: Annita, Saldanha da Gama, Brasil, Favorita e mais dezessete botes e canoas auxiliares em tempos de estiagem.


Possuía agências nos seguintes portos no RS e Rio Taquari: Porto Alegre, Pinheiros, Triunfo, Margem, Volta do Barreto, Taquari, Porto Gomes, Porto Mariante, Bom Retiro, Cachoeira Comprida, Porto Wendt, Santarém, São Gabriel, Arroio do Meio, Estrela, Lajeado, Corvo, Encantado, General Osório.


Além dessas agências, os vapores atracavam em diversos portos intermediários para atender as exigências dos serviços de cargas e passageiros.


Em períodos de seca quando o nível do Rio Taquari estava baixo eram contratadas outras embarcações. Em tempos de enchentes as embarcações eram amarradas e feitos reparos naquelas que sofriam avarias.


Haviam os vapores expressos, saindo diariamente de Porto Alegre até Estrela e Lajeado e outro saindo destes dois municípios para Porto Alegre.


Além destes tinham os vapores expressos noturnos de verão.


Conduziam estes vapores cargas, passageiros, encomendas, valores, malas postais, e correspondência avulsa para todos os portos da linha.


Pelo serviço postal a companhia de navegação não recebia remuneração.


Em suas embarcações eram transportadas todo tipo de mercadoria de Porto Alegre para o Vale do Taquari, e deste para Porto Alegre: banha, feijão, milho, batata, erva-mate, fumo, carne, manteigas, aves, ovos, cereais, ficando em média 800 mil volumes anualmente, com 48 mil toneladas, variando o preço do transporte conforme os portos entre 4.000 e 20$000 por tonelada.


O movimento de passageiros ficava em média 30 mil pessoas por ano. O preço da passagem ficava entre $500 e 10$000.


Eram fornecidas passagens de ida e volta, com abatimento no preço em cupons de 10 passagens. Ótimo serviço de copa e cozinha a bordo.

No início do século XX (1920-1930) A Companhia Arnt possuía 350 empregados.


Tratava-se de uma das mais importantes empresas do Rio Grande do Sul naquela época.


Obs. Em Estrela existiam quatro maxambomba, uma das quais pertencentes a Navegação Arnt.


Maxambomba funcionava nas barrancas do Rio Taquari carregando e descarregando mercadorias dos vapores e gasolinas. Na verdade era uma engenhoca muito útil para transpor as altas barrancas do Rio.


Pesquisa: Airton Engster dos Santos.

Fonte: Livro – O Rio Grande do Sul – Volume I – Edição:1922-


2 comentários:

Unknown disse...

Achei muito interessante todo este material sobre a navegação ARNT .
Tenho 70 anos e me criei em Taquari, onde diariamente eu recebia os vapores que chegavam lá no porto.
Eu conhecia todos aqueles homens que trabalhavam nos vapores.
É com saudade que me lembro das viagens à Porto Alegre, passando por General Câmara, Triunfo, São Jerônimo, Colônia Penal.
Lembro até hoje, da minha admiração ao chegar pela primeira vez em Porrto Alegre, a bordo do vapor Porto Alegre: a deslumbrante visão da capital a partir doo vapor ao chegar no cais do porto. Bondes, "arranha céus", letreiros luminosos de neon, o cheiro e as cores do abrigo da praça 15.
Um abraço.
Péricles Mineiro Daniel
Gostaria de saber se há fotos dos vapores da Cia. Arnt.

Paulo Ricardo Lima Ignacio disse...

Parabéns pela excelente informação sobre a nossa história marítima. Devemos prestar homenagens aos pioneiros da navegação interior gaúcha. Como todos da minha família, em que estão em Charqueadas e Triunfo (Porto Batista) desde 1875, nasci e cresci no Rio Jacuí, no Taquari, no Guaíba e na Lagoa. Família Arnt é lenda! Mais uma vez meus parabéns!Paulo Ricardo Lima Ignacio